Pergunta:
Tenho 22 anos, estudo contabilidade e estou financiando a faculdade pelo FIES. Meu salário esté em torno de R$ 1.100 ao mês e pretendo investir no início cerca de R$ 500 por mês, e depois até R$ 900.
Pretendo aplicar tanto na renda fixa quanto renda variável. Penso em, no início, aplicar de R$ 500, R$ 200 em ações e R$ 300 reais em ações e poupança. Também quero incluir fundos imobiliários na minha carteira.
Tenho como metas, de no mínimo a partir de 4 anos é o meu horizonte de longo prazo. A partir desse momento, pretendo ter acumulado patrimônio e rentabilidade mensal, com dividendos, juros sobre capital próprio e aluguéis dos fundos imobiliários. Meu plano é bom?
Leitor: Allan
Resposta de Bruno Azevedo, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF:
Caro Leitor
Parece que você tem um plano bem desenhado e isso é muito importante quando falamos de nossas finanças pessoais, parabéns! Gostaria de gerar aqui algumas reflexões e espero que auxilie no processo de encontrar os melhores investimentos para você.
Hoje você tem um excelente poder de poupança sobre sua renda liquida, chega aos 45% por mês, o que é excelente. Busque em seu planejamento definir um número ideal de poupança e respeitá-lo. Lembre-se da seguinte frase: “existem coisas que fazemos com 20 anos que não fazemos com 60”, portanto, aproveite parte do dinheiro ganho para aproveitar momentos de sua Fase de Vida, mas claro, nunca deixe de pensar e planejar o futuro.
Definido o valor de aplicações mensais, é hora de identificar seu perfil de investidor, para em seguida buscar os melhores produtos que lhe atendam. Pela divisão que fez, significa aplicar cerca de 60% de sua reserva mensal em produtos de Renda Fixa e 40% em produtos de Renda Variável, distribuídos entre ações e fundos imobiliários.
Esta divisão seria adequada para clientes com perfil agressivo, e longo prazo para maturação do capital – entenda longo prazo para períodos que acima de 5 anos. Se realmente for seu perfil de investidor, vá em frente. Sugestão: se nunca fez qualquer investimento de risco antes, além de estudar os comportamentos passados e refletir qual seria sua postura em determinadas situações (principalmente as piores situações), recomendo começar com valores menores em produtos de risco, algo como 5% a 10% apenas, e acompanhar sua volatilidade por cerca de 6 meses, para posteriormente migrar gradativamente até atingir os 40% desejados por você.
Para as aplicações em renda fixa, pelo valor inicial ser baixo dificilmente terá acesso a bons fundos de investimento ou mesmo bom taxas de remuneração em LCIs e CDBs, portanto, sugiro aplicação em Poupança e Tesouro Direto, mesclando títulos pós-fixados e atrelados à inflação, respectivamente LFT e NTN-B. Mas, antes de aplicar no Tesouro recomendo criar uma reserva de emergência em Poupança para ter a liquidez necessária em caso de qualquer eventualidade – algo como 3 meses de seus gastos fixos mensais está de bom tamanho nesta fase de sua vida.
Atenção quanto à aplicação no Tesouro Direto: busque Corretoras e/ou Bancos que isentam a taxa de administração do investidor, ou cobram no máximo 0,10% ao ano. No site do Tesouro Direto existe a relação completa de instituições financeiras e as políticas de taxas praticadas.
No que diz respeito a Ações e Fundos Imobiliários, o que pode neste momento inviabilizar a estratégia são as taxas cobradas nas operações, que são principalmente: corretagem a cada ordem de compra e venda e a custódia mensal. Faça uma pesquisa e busque entender o impacto dos custos sobre este patrimônio a ser aplicado. Neste inicio, talvez faça mais sentido buscar um fundo de investimento até que se atinja um valor maior investido neste mercado para posteriormente migrar para uma carteira própria.
Se conseguir uma corretora que ofereça custos reduzidos em ambos mercados que deseja atuar – Tesouro Direto e Bolsa de Valores, certamente terá vantagens em concentrar seus investimentos nela.
E quanto à publicação de resultados em um Blog, particularmente acho bem bacana e além de transmitir conhecimento, você pode extrair dele uma fonte de renda extra e quem sabe se tornar um empreendedor de sucesso. Já pensou no assunto?
Sucesso em sua jornada.
Bruno Azevedo é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).
As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para [email protected]
Prezado Hildebrand,
Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade.
Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos...
Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento.
Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos.
Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes.
A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis.
Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações.
Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas.
E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você!
*Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF